O jornalista Rodrigo Teixeira foi vítima de insultos homofóbicos e gordofóbicos durante o exercício de seu trabalho em Copacabana, na zona sul do Rio, na última segunda-feira (27). Rodrigo estava a serviço da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e de Direitos Humanos do Rio durante a reintegração de posse do prédio onde funciona a Casa Nem, espaço que atende à comunidade LGBTQI+.
Rodrigo acusa o policial civil Antônio Teixeira Alexandre Neto, que já atuou como delegado adjunto da Divisão Anti-Sequestro, de tê-lo agredido verbalmente durante o exercício do seu trabalho. No vídeo abaixo, Antônio aparece se referindo ao jornalista como “coisa linda” e “gorducha” e bunda gorda.
Rodrigo não aceitou os insultos e gritou pedindo respeito ao policial. No vídeo é possível ver um segundo policial passando no local sem fazer uma intervenção no conflito, apesar dos pedidos do jornalista.
O caso foi registrado na 13ª DP, em Ipanema, na zona sul do Rio, como crime de homofobia. O crime pode chegar a cinco anos de cadeia, em casos considerados mais graves.
Na delegacia, o ex-delegado disse que se referiu a Rodrigo em tom de “brincadeira”, ao chama-lo de “gordinho”, apesar do vídeo apresentado mostrar tons de deboche e ironia. Ainda segundo o seu relato, ele estava a caminho de um restaurante quando viu um “tumulto decorrente de uma determinação judicial obrigando o despejo de invasores de um prédio”. No local, ele informou à polícia que encontrou um vizinho que estava sendo alvo de manifestantes.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro emitiu nota de solidariedade a favor de Rodrigo Teixeira no fim da noite desta quarta-feira (26). O órgão repudiou a violência verbal sofrida pelo jornalista no exercício de seu trabalho e considerou as agressões como homofóbicas e gordofóbicas como inadmissíveis e injustificáveis.
“O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ) presta solidariedade ao assessor de imprensa da Secretaria Estadual de Direitos Humanos, Rodrigo Teixeira, e repudia a violência verbal sofrida pelo jornalista no exercício da profissão.
As agressões homofóbicas e gordofóbicas, impublicáveis, proferidas contra Teixeira são inadmissíveis e injustificáveis. São reflexos da forte onda reacionária que tomou o Rio de Janeiro e o país, e elegeu como alvo quem luta pela Democracia e pelos Direitos Humanos.
A agressão ao jornalista carioca acontece dias depois de o presidente da República dizer que tem “vontade de encher a boca de porrada” de um profissional de imprensa. Frases como esta, do maior representante do poder público constituído no país, fazem muitos brasileiros que se identificam com o tom violento do senhor Jair Bolsonaro se sentirem legitimados a agir com igual brutalidade.
Homofobia é crime determinado por unanimidade pelos ministros pelo Supremo Tribunal Federal. Nós, jornalistas, entendemos que o respeito aos direitos humanos é a base para concretizarmos o estado democrático. Por isso, nos juntamos às vozes contra toda e qualquer violência”.