A crise financeira que assola o Carnaval do Rio vem preocupando a todos que trabalham no setor. A Prefeitura do Rio, que havia combinado com a Liesa em repassar R$ 1 milhão a cada escola de samba, acabou dando para trás na sua decisão após a saída da Uber.
Conforme a edição do Diário Oficial da última sexta-feira (7), cada agremiação receberá, até aqui, o valor de R$ 500 mil. Até o momento, nenhuma parcela do depósito aconteceu para as 14 escolas que formam a elite do Rio.
As comissões de carnaval das escolas vêm se virando como podem para produzir as alegorias e fantasias. Segundo informações do jornal Extra, a Mocidade Independente de Padre Miguel, por exemplo, está trocando espelhos de aço por material metalizado.
Na próxima segunda-feira, o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, voltará a se reunir com os representantes das escolas de samba para contornar o caso. O encontro acontecerá na sede oficial da instituição, no Centro.
Além dos R$ 500 mil da Prefeitura, cada escola tem garantida, até aqui: o dinheiro da TV Globo, a venda de ingressos para os desfiles e os direitos autorais das músicas em CDs e plataformas digitais oficiais.
Entretanto, como nem todas as entradas para a Sapucaí foram vendidas e a rentabilidade do mercado musical vem caindo absurdamente nos últimos anos, não se pode contar, ainda, com estas verbas.
Estima-se que cada escola tenha garantido até aqui o montante de R$ 4,5 milhões, valor abaixo dos repassados nos últimos anos para montar a estrutura visual e logística de todo um desfile do porte que o Carnaval carioca costuma oferecer.
O detalhe é que todo o clima de apreensão em torno da festa vem refletindo em outras áreas da cidade. Sem dinheiro, as escolas deixam de gerar empregos em diversos segmentos.
Alinhado a isso, soma-se que setores voltados ao mercado turístico já estão apreensivos com uma possível redução de turistas chegando ao Rio de Janeiro. Ou seja, além da vida econômica da cidade perder, a prefeitura deverá sentir no caixa a ausência de impostos não recolhidos no início de março.
A Riotur, órgão municipal que controla o Carnaval do Rio, está se movimentando para reunir verbas extras para repassar às escolas. Conversas com o aplicativo 99 Táxi estão acontecendo para que a empresa possa suprir o patrocínio da Uber, que abandonou o posto no início de dezembro. Ainda não há um parecer final sobre as negociações.