A segunda-feira (22) será de fortes emoções na TV brasileira. Jair Bolsonaro (PL) voltará a pisar na Globo, quatro anos após ‘tretar’ com William Bonner e Renata Vasconcellos. A partir de hoje, o Jornal Nacional inicia a série de sabatinas envolvendo os candidatos à Presidência da República.
Em 2018, Bolsonaro era deputado federal e candidato à Presidência pela primeira vez, por outro partido, o PSL. Diferente do cenário atual, ele liderava as pesquisas eleitorais. Agora, em segundo lugar nas amostras, Bolsonaro sabe da importância de usar o principal telejornal do país para tentar reunir mais votos. Mesmo que seja diante da Globo, com quem vive às turras.
A relação entre Bolsonaro e a Globo é a pior possível. Desde que assumiu o mandato, Bolsonaro nunca concedeu uma entrevista exclusiva aos programas da maior emissora do país. Sempre optou em conversar com TVs de menor apelo e compareceu em jornais e programas da Record, do SBT e da RedeTV!, consideradas aliadas de seu mandato.
Diante de Bonner e Renata, Bolsonaro sabe que terá que responder temas delicados durante sua gestão: assuntos relacionados à pandemia, os ataques sem provas à urna eletrônica, a péssima relação com veículos de imprensa que não o bajulam e a participação em atos contra a democracia não ficarão de fora.
Como já é de conhecimento, o JN não faz perguntas simples no estilo “o que o senhor vai fazer pela saúde?”. Ao contrário: na maioria das vezes, a Globo adota o estilo “contradição” para tentar colocar o candidato em uma verdadeira saia justa. Trata-se do estilo “o senhor disse isso, mas fez aquilo”.
EM 2018, TRETA AO VIVO
Em 2018, Jair Bolsonaro entrou em rota de conflito com Renata Vasconcellos. Ao responder uma pergunta, o então candidato tentou mencionar sobre a forma de pagamentos em pessoa jurídica (PJ) feita pela Globo e seu casting. Ele chegou a insinuar que Renata ganhava menos que Bonner, apesar de aparentemente terem a mesma função em ancorar um telejornal.
Entretanto, trata-se de mais uma ‘fake news’ neste período conturbado de desinformação. Bonner e Renata nunca possuíram a mesma função no jornalismo da Globo. Os dois são apresentadores, mas o ex-marido de Fátima Bernardes é o chefe máximo do telejornal, ocupando o cargo de editor-chefe. Já Renata é editora-executiva, mesma função ocupada por Fátima e Patrícia Poeta nos tempos de JN.
Além de ter que ouvir uma justificativa inexistente, Renata Vasconcellos precisou relembrar a Bolsonaro que o salário dela é recebido através da iniciativa privada, diferente do dele, que é pago com dinheiro público há três décadas. Relembre:
Amanhã (23), o JN recebe Ciro Gomes (PDT). Na quinta-feira (25), Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Fechando as sabatinas, Simone Tebet (MDB) participa na sexta-feira (26).