Apesar da pequena reagida nos últimos capítulos, Travessia não vem empolgando a crítica e tão pouco o público. Autora premiada, Glória Perez vem sendo alvo de críticas por conta do ritmo fraco da trama, sem personagens carismáticos, com raro humor e com enredo desinteressante.
O detalhe é que a autora dá claros sinais de que não sabe conviver com a crítica e joga pesado contra seguidores que pedem, de forma justa e honesta, a mudança de rumos na trama. A dúvida que fica no ar é: será que Glória acredita que produz uma trama para telespectadores no estilo Escobar, personagem imortalizado por Marcos Frota, em O Clone?
Na trama de 2001, o cientista é um bobo apaixonado e que cai em todas as histórias criadas por Alicinha (Cristiana Oliveira). Cara de doce, a vilã encanta a todos, mas age de acordo com seus próprios interesses.
Glória Perez sempre foi querida e contou com a empatia do público, mas parece ter estagnado nos anos 80/90 no processo de interatividade “cartas para redação”. Acredita na política do ‘eu falo, eu escrevo e tudo isso basta’. As redes sociais vieram com força para caçar todos os fantasmas de quem acredita sobreviver a este cenário. Sair de ontem é preciso!
A novelista ganhou os corações dos brasileiros com tramas que pararam o Brasil. Soube viver do aplauso. Atualmente, demonstra ter dificuldade de lidar com a crítica. Por duas vezes, Glória rebateu comentários de seguidores nas redes sociais sobre as pertinentes críticas relacionas à Travessia.
Na última delas, uma conta oficial debochou de uma telespectadora perguntando se ela fez o “L”, em uma clara alusão à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Por coincidência, Glória Perez já fez juras de amor à TV Jovem Pan News, emissora concorrente do Grupo Globo, sua patroa, e conhecida por conteúdos bolsonaristas e de críticas contra Lula.
Vale lembrar que Glória tem todo o direito de se manifestar politicamente. Mas o que cargas d’água um voto no “L” tem a ver com o fraco desempenho de Travessia?
Independente de quem votou em quem, diante do ambiente das redes sociais e do movimento morno nas ruas sobre Travessia [cenário totalmente oposto à sua sucessora Pantanal], entre Lulistas, Bolsonaristas, neutros, ‘globers’ e ‘pans’, a trama está longe de ter uma repercussão digna de uma faixa das 9h. Aliás, as tretas envolvendo o nome de Cássia Kis, em sua última novela, ganharam mais destaque.
Por ora, o recado para os telespectadores é o mesmo dado para Escobar contra Alicinha: “corre que é cilada, amigo!… Da novela e da dona dela”.