Como qualquer “família” que se preze, a Rádio Tupi também tem suas rusgas e desentendimentos. A última delas foi exposta publicamente pelo jornalista Beto Junior, ex-funcionário da rádio e atualmente no Charla Podcast, um dos principais canais esportivos no Youtube do Rio de Janeiro. Beto revelou alguns bastidores nos 10 anos que esteve na emissora, entre 2012 e 2022 e fez críticas abertas a Wagner Menezes, demitido em fevereiro da rádio, após uma passagem de 26 anos na casa.
Em entrevista ao canal Futbolaço, de Dieguinho, em fevereiro, Beto Junior revelou que estava feliz em seus últimos anos na emissora por ganhar espaço na função de comentarista. Antes, informou que estava descontente com a função que ocupava por muito tempo na produção e encarou a oportunidade como um desafio.
“Em 2017, 18 e 19, o que que melhorou? Eu comecei a comentar. Mudou alguma coisa, que nunca foi dito para mim, pela pessoa: ‘ah, chegaram até mim na diretoria e mandaram te dar uma oportunidade’. Não. De uma hora para outra passou a me botar para comentar na internet, no Tupi na Rede. Foi basicamente, em 2017, mesmo”, seguiu Beto, sem citar diretamente, até ali, o nome de quem o havia designado a ocupar formato que supriria ‘A Voz do Brasil’, faixa obrigatória no dial, na internet.
“Em 2017, a pessoa veio, sempre dizia que eu não ia comentar, que eu não ia fazer…”, Neste momento, Dieguinho, comandante do Futbolaço, no Youtube, pergunta se Beto Junior gostaria de dizer quem seria a pessoa em questão.
“Wagner Menezes. Saiu até da Tupi ontem [data: 18 de fevereiro], fiquei sabendo que rolou a demissão dele lá. Ele chegou para mim falou assim: ‘olha, vai ter uma reformulação no Tupi na Rede. O Tupi na Rede, agora, a gente vai usar os meninos, os repórteres, como um laboratório para eles apresentarem… e você vai ser o comentarista fixo. Eu passei a folgar no fim de semana, com isso. Eu falei: ‘agora eu posso comentar?’. [e ouviu:] ‘Não, quero te ver e tudo mais’. Teve elogio, fui fazer esse programa”, acrescentou, revelando que mais à frente se tornou o quinto comentarista das transmissões esportivas da Rádio Tupi.
JORNALISTA REVELA ESCALA POLÊMICA
Beto Junior contou ainda que, internamente, ganhou força de outros colegas da emissora, como o comunicador Clovis Monteiro, que também é apresentador do SBT. Segundo Beto, o crescimento teria incomodado Wagner:
“Fui ficando cada vez mais confiante. Isso também também foi incomodando meu chefe na época, o Wagner Menezes. Porque ele passou a ter cada vez menos ascensão em cima de mim, de imposição, quase medo que conseguia para uma época ter…”.
Beto Junior, ao Futbolaço
“Única coisa que eu não consegui é que os caras chegassem para mim e dissessem: ‘Betão, vamos te fazer um contrato de comentarista, mesmo sendo quinto. É difícil lá na rádio…”, explicando que os únicos reajustes salariais que teve ocorreram por tempo de casa (10 anos) e por conteúdos que realizou na internet.
“Mas eu estava amarradão. Eu estava comentando e comentando na Tupi”, acrescentou Beto Junior, revelando que estava feliz em atuar nos comentários. Na visão do jornalista, ele conseguiu “furar a bolha” na rádio, já que ninguém que atuava em produção havia chegado aos comentários do futebol sem passar pela reportagem de clubes, os famosos “setoristas”.
“O Wagner (Menezes) falou assim: ‘o Eugênio comentou também com trinta e pouco anos’. E eu respondi: ‘mas o Eugênio havia sido 15 anos repórter'”, acrescentou. Dieguinho então opinou: “Parece que ele sempre jogava alguma coisa para te jogar para baixo”.
“Eu não vou aqui bater nessa relação. Mas, se você trouxer outras pessoas que trabalharam nesse período. Pode ser o mesmo período que o meu, de 2012 a 2022, muito parecidas as coisas que vão falar, meio que de praxe… Comigo, ele nunca me humilhou, por exemplo. Já humilhou gente lá… Eu tomei duas advertências lá, porque chegou a um ponto que ele quis crescer, a ponto de gritar e xingar. Eu devolvi e fui advertido, mais de uma vez… Uma, por telefone, por não aceitar uma cobrança meio esdrúxula, explodi também”, contou.
Beto Júnior ainda contou que acredita que as oportunidades que teve a partir de 2017 partiram da direção artística da rádio, comandada já por Marcus Giacomo, função ocupada pelo executivo até os dias de hoje.
“…Em 2019, eu já estava comentando o Bola em Jogo, do Gilsão [Gilson Ricardo]. Comentei uma vez como convidado, Gilsão enlouqueceu: ‘tem que fazer o programa, você é o cara que traz as coisas de hoje em dia’, sempre me elogiava. O Wagner ficava dificultando. Eu falava pro Gilsão: ‘eu não me escalo, você é o dono do programa. Se você quiser que eu participe, tem que pedir lá pro Marquinhos (Marcus Giacomo). Por que sabe o que o Wagner faz? Ele vai lá na escala e põe meu horário de coordenação de 3h às 8h30 da noite…”, disse Beto, acrescentando que tinha que chegar às 11h para participar do programa de Gilson Ricardo (1948-2023), mas o expediente só contava após o fim do programa.
“Eu falei, Gilsão, com essa escala aqui não dá. Quando ele me botar de 3h às 8h30 eu não vou fazer mais seu programa”, relatando que gastava mais com alimentação por conta das horas a mais de trabalho. Beto Júnior informou que, no final de sua passagem pela emissora, conseguia encerrar o expediente às 18h nos dias que fazia o Bola em Jogo.
Procurado pelo Audiência Carioca, Wagner Menezes recebeu nossas mensagens, mas não respondeu aos nossos contatos até o fim desta nota.
Na ocasião, Wagner disse que sua saída ocorreu “em comum acordo” com a rádio e que não tinha problemas internos.
A Rádio Tupi não comenta assuntos internos ao AC. O espaço está aberto para ambos, caso queiram se manifestar.
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Imagem: Reprodução