Um dos profissionais mais completos do rádio, Luiz Ribeiro partiu precocemente na manhã deste sábado, 12 de fevereiro, após lutar contra um câncer. O jornalista estava internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, na zona central do Rio, e vinha afastado dos trabalhos desde 2020, quando precisou cuidar da saúde.
Ribeiro “jogava nas onze”, como diz o jargão popular, atuando em todas as editorias possíveis: transitava pelos problemas da cidade, pelas pautas políticas, pelo extenso noticiário e pela crônica esportiva.
O seu jeito forte e sisudo de falar, por vezes assustando os ouvintes, era a certeza de um estudioso que pesquisava, apurava e podia bancar sua opinião, sempre apresentada de forma estruturada – ainda, claro, que o ouvinte também pudesse discordar. Faz parte do jogo.
Quem curte o rádio sabe que sua programação matutina é o grande xodó dos anunciantes. Nos últimos tempos, a faixa virou um “oásis” comercial, onde a qualidade e a prestação de serviço em favor do ouvinte se tornou um plano B, bem longe do objetivo real: faturar. O que se vê é muito roteiro e pouco improviso.
Afinal, o TTT (Trânsito, Tempo e Transporte) é muito pouco para o público do rádio e até mesmo a TV, atualmente, vem preenchendo este espaço.
A prática do bom jornalismo, da informação analisada, destrinchada e crítica não é uma realidade do rádio carioca. Na faixa nobre, Ricardo Boechat foi o último grande nesse quesito a ocupar as manhãs do veículo, no tradicional horário nobre do rádio.
Luiz Ribeiro podia mais. Seu vasto conhecimento e versatilidade não foram capazes de seduzir os gestores do rádio popular a lhe lançar no horário nobre a bancar esse investimento. As emissoras populares, tão cobiçadas em décadas passadas, perderam essa grande oportunidade.
O duro é encarar que além de chances como essa, que não voltam, o meio quase sempre deixa de revelar novos talentos para cozinhar o “feijão com arroz de sempre”.
Se Luiz Ribeiro, diante de toda a sua capacidade, teve dificuldade de quebrar este gelo, imagina o que o mercado não “oferece” a quem ainda tenta um espaço ao sol.
Dura realidade.
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