A decisão preliminar da Câmara dos Deputados em aprovar que rádios paguem por direitos de transmissão por jogos de futebol chamou a atenção deste mercado esta semana. Caso o projeto de lei passe pelo Senado Federal e pela sanção do executivo federal, atualmente ocupado pelo presidente Jair Bolsonaro, as emissoras terão que coçar o bolso para transmitir os jogos esportivos.
Atualmente, as rádios só pagam por grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo, Copa América e a extinta Copa das Confederações.
O texto aprovado pelos deputados está dentro da Lei Geral do Esporte e conta com dois artigos que mudariam este cenário, em desfavor do rádio. O artigo 159 diz: “A difusão de imagens e/ou sons captadas em eventos esportivos é passível de exploração comercial…”, inicia.
Já o artigo 160 acrescenta: “Pertence às organizações esportivas mandantes que se dedicam à prática esportiva em competições o direito de exploração e comercialização de difusão de imagens e/ou sons, consistente na prerrogativa privativa de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de evento esportivo de que participem”, conclui.
Não é preciso ser um grande ‘expert’ e ter um grande conhecimento comercial para saber que o rádio tem uma das tabelas mais baixas de publicidade dentre as grandes mídias. Certamente, esta decisão impactará toda a estrutura das emissoras, aceitando ou não embarcar nesta decisão, caso a esses artigos entrem em vigor.
Afinal, alguém tem que pagar a conta. Em tempo de crise, as rádios que toparem encarar este custo terão que “cortar na carne” para seguir com suas transmissões. Ou aumentam a tabela e correm o risco de perder anunciantes ou, como de costume, cortam na parte mais fraca, dispensando profissionais.
As que decidirem parar com as transmissões esportivas, ou terão que remanejar seus profissionais para outras funções [o que é bem incomum] ou promoverão o famoso “passaralho”, tão comum nos tempos atuais no mercado jornalístico.
E O POVÃO, FICA COMO?
E como sempre, claro, quem paga ainda mais esta conta é o grande público, o povão. Aquele mesmo, afastado dos estádios, desde a onda de eventos no Brasil, iniciada em 2007, com o Pan do Rio de Janeiro e sacramentada na Copa-2014 e na Rio-2016, com a construção de grandes arenas.
Afinal, quem hoje pode arcar com custo de ir ao estádio, quatro ou cinco vezes ao mês: ingresso, transporte e lanche?
Há ainda quem possa. Afinal, embora o sol não brilhe para todos, têm quem consiga seu espaço. Não incomum, muitos jogos ainda recebem lotação máxima pelo Brasil.
Um ponto a se mirar é que estão cada vez mais esquecidos estes torcedores, que por conta de toda uma ordem social e comercial, deixaram de ir aos estádios, mas que seguem amando e acompanhando o futebol de outra forma. Estes, aliás, que ajudaram a construir a história dos clubes mais populares do Brasil.
Os que ainda podem pagar um serviço de ‘streaming’ ou serviço por assinatura, tentam economizar vendo o clube por meios digitais [sim, sai bem mais em conta que ir semanalmente ao estádio]. Os que nem isso podem, se contentam com o serviço grátis, como a TV aberta e o velho e bom rádio.
Inegável que vivemos novos tempos e certamente é preciso abrir o debate e definir o que pode ser mudado ou não em políticas de transmissões e seus meios de comunicação. Mas não é este o cenário que se configura.
Os mesmos deputados que sequer apreciaram com calma e zelo alguns itens que interessam a uma fatia relevante da população brasileira são aqueles que vão bater à sua porta com os tradicionais santinhos durante as eleições.
Olho nos “santinhos”, olho neles!
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