A entrevista coletiva do ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, neste sábado (28), criticando o trabalho da imprensa nos últimos dias, fez com o a Associação Nacional de Jornais (ANJ) se movimentasse.
“Desliguem um pouco a televisão. Às vezes ela é tóxica demais. Há quantidade de informações e, às vezes, os meios de comunicação são sórdidos porque eles só vendem se a matéria for ruim. Nunca vai ter que as pessoas estão sorrindo na rua. Senão, ninguém compra o jornal”, afirmou. “Todo mundo tem que se preparar, inclusive a imprensa. Se não for assim, vai trazer mais estresse à população”
Luiz Henrique Mandetta
A ANJ fez uma carta aberta criticando o posicionamento de Mandetta. No discurso, o órgão diz que “Jornais, como médicos, não são imunes a erros. Mas, assim como os médicos, não vivemos de equívocos e nem de notícias ruins, como vossa excelência mencionou em sua fala, que desconsiderou a dedicação de toda a imprensa em levar orientações e informações corretas, combatendo as desinformações, muitas vezes em cooperação estreita com o Ministério da Saúde”, recordou.
Outro ponto abordado pela associação foi os riscos aos quais se submetem os profissionais de imprensa para manter a sociedade abastecida de informação. “Os jornalistas também estão sofrendo as terríveis consequências humanas e econômicas desta calamidade mundial”, reforça.
CARTA ABERTA DA ANJ A MANDETTA
“Prezado ministro Mandetta, não nos conhecemos pessoalmente, mas, como presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), venho lamentar a injusta e equivocada referência aos jornais brasileiros expressa na sua entrevista coletiva deste sábado, 28 de março.
Jornais, como médicos, não são imunes a erros. Mas, assim como os médicos, não vivemos de equívocos e nem de notícias ruins, como vossa excelência mencionou em sua fala, que desconsiderou a dedicação de toda a imprensa em levar orientações e informações corretas, combatendo as desinformações, muitas vezes em cooperação estreita com o Ministério da Saúde.
Ao contrário de sua fala, se em tempos normais a imprensa cumpre um papel de certificadora da realidade, nestes tempos de calamidade ela, como a medicina e os médicos, se coloca ainda mais na linha de frente para colaborar com os esforços individuais e coletivos na superação deste difícil momento.
A título de esclarecimento, tomo a liberdade de observar que, assim como um eventual equívoco de diagnóstico de um médico não pode ser atribuído à “medicina”, o mesmo ocorre com os jornais, o jornalismo e a imprensa.
Os jornais, a imprensa e os jornalistas também estão sofrendo as terríveis consequências humanas e econômicas desta calamidade mundial. No entanto, como os médicos e a medicina, temos uma missão e responsabilidade a cumprir, e assim seguiremos no apoio a todos os profissionais da saúde e todos os esforços para, juntos, derrotarmos o vírus.”
Atenciosamente,
Marcelo Rech
Presidente da ANJ