A prisão de Luiz Fernando Pezão, no início da manhã desta quinta-feira, 29, mais parecia a pedra restante da cartela de um jogo de bingo. Clandestino, claro.
Há muito tempo, cariocas e fluminenses tentavam entender como o ex-vice-governador de Sérgio Cabral e parceiro político de Jorge Picciani, líder do MDB-RJ, não estava arrolado em tamanho esquema de corrupção no estado. O burburinho sempre foi esse.
Ainda assim, foi preciso esperar exatos dois anos entre a prisão de Cabral e Pezão. O atual governador do RJ recebeu a ordem dentro do Palácio Laranjeiras, residência oficial do representante executivo no estado.
Trata-se de mais uma fase da Lava Jato, comandada pelo ministro e relator Felix Fisher, do STJ. A prisão está sendo executada pela Polícia Federal e tem aval da Procuradoria Geral da União.
A investigação de hoje foi batizada de ‘Boca de Lobo’ e apura indícios de que Pezão teria recebido propina, quando então era vice de Sérgio Cabral. A mesada teria chegado a R$ 25 milhões, pagos entre 2007 e 2015.
Pezão deixou a sede do governo por volta das 7h35min dentro de uma Pajero preta, acompanhado pelos policiais. Ele foi escoltado até a Praça Mauá, onde fica o prédio administrativo da PF. Quinze minutos depois, já estava no local.
Antes de sair das Laranjeiras, Pezão pediu para tomar café. Imagens aéreas da TV Globo mostraram dois garçons com duas bandejas repletas de comida caminhando pela sede.
Os agentes também têm mandatos para checarem outros locais ligados a Pezão. A equipe chegou a ir a dois apartamentos do Leblon. Um deles, pertencia à mãe do governador. O Palácio Guanabara também recebeu a visita da polícia.
Outras figuras são alvos desta fase da Lava Jato: José Iran, secretário de obras do Rio e Hudson Braga, ex-secretário de obras, também estão relacionados entre os 30 mandados de prisão expedidos pela justiça.
Triste capítulo de uma novela cruel ao qual se submete o povo fluminense!