Entrevista! Wagner Montes Filho: “Tenho uma responsabilidade muito grande com o nome que eu carrego e a história que meu pai me deixou”
Dois dias depois de ser anunciado pela Record TV como novo contratado, Wagner Montes Filho recebeu o Audiência Carioca para falar sobre este novo desafio na carreira. O jornalista é filho mais velho de Wagner Montes com Cátia Pedrosa, Miss Brasil em 1983.
Após passagem pelo SBT Rio, emissora onde o pai começou, Wagner Montes Filho agora vai trilhar um novo caminho na Record TV, local onde Wagner Montes criou grande identidade com o público carioca e fluminense.
No bate papo, o jornalista falou sobre a relação com o pai, falecido em janeiro de 2019, sobre a nova oportunidade na carreira e aproveita para esclarecer um bastidor sobre o nome similar ao do pai.
“Meu nome é Wagner Montes, puro, sem outro complemento. O nome de batismo do meu pai é Wagner Montes dos Santos. Ele brincava que eu era o legítimo Wagner Montes, mas só depois que ele morresse”, recordou.
WAGNER MONTES FILHO ABRE O JOGO!
Eduardo Moura: Wagner, como é que pintou essa proposta de voltar à televisão, agora, na Record TV Rio?
Wagner Montes Filho: Gostaria de começar agradecendo a confiança da Record. Agradecendo o carinho e a receptividade, da forma como o povo e os fãs do meu pai receberam essa notícia. Para mim isso é muito importante. Eu busquei durante muito tempo o meu espaço, quando meu pai ainda estava aqui conosco. Depois que ele faleceu, lógico, levou um tempo para colocar a vida nos trilhos. Eu sempre recebi um carinho muito grande da Record. Sempre em contato, eles queriam saber como estava minha família. A emissora soube esperar esse tempo e a gente estava ali, junto, sempre trocando figurinhas. Da portaria à presidência, sempre fui bem tratado. Há quinze anos eu frequento a Record, com meu pai, e sempre me senti parte da família. Agora oficializamos, e fiquei muito feliz em receber essa proposta. As amizades que meu pai me deixou permaneceram. Através desse respeito e amizade, do legado que meu pai foi e fez, eu estou tendo essa oportunidade.
Eduardo Moura: E conta como vai ser esse desafio na programação do Rio de Janeiro da Record? É no jornalismo?
Wagner Montes Filho: Sim, no jornalismo. O trabalho será como repórter. O conteúdo ainda está sendo desenhado junto com a equipe e com a emissora. A princípio, são reportagens especiais para o Cidade Alerta Rio, mas não descarto outros programas. Eu não tenho nada totalmente definido. Por enquanto, começamos à noite.
Eduardo Moura: Justamente com o Ernani Alves, um repórter que trabalhou durante muito tempo com o seu pai…
Wagner Montes Filho: O Ernani é um grande amigo que meu pai me deixou… Ele foi um discípulo do meu pai, que brincava muito com ele chamando ele de ‘bonitinho’ e ‘gatinho’. Eu não tenho o porquê de puxar saco, falo de amigos… Quando a gente fala a verdade, a gente fala uma vez só. Meu pai me ensinou isso. O Ernani quando ele diz ‘O Rio na palma da mão’, ele de fato conhece a cidade. Meu pai dizia que era impressionante como o Ernani conhece o Rio de Janeiro… Hoje, o Ernani é quem é e eu estou tenho a oportunidade de fazer o inverso. Hoje eu trabalho com ele.
Eduardo Moura: E já tem data para começar?
Wagner Montes Filho: Eu começo amanhã [6 de março]. Não no ar, até porque temos que definir tudo isso que eu disse. Mas, amanhã estarei na redação e reunido com a equipe, pautando tudo para saber qual caminho vamos seguir.
Eduardo Moura: O Wagner Montes, seu pai, era um comunicador completo. Ele misturava o entretenimento com o jornalismo com muita facilidade. Você pensa em seguir esse caminho?
Wagner Montes Filho: Pensar a gente pensa. Como ele foi, é muita audácia da minha parte… Vamos pensar o seguinte: se for para vender o peixe, tenho muito [risos]. Assim, botando os pés no chão. Eu tenho uma responsabilidade muito grande com o nome que eu carrego e a história que ele me deixou. Lógico que eu penso. Eu falo, se eu for 50% do que ele foi, vou ser o cara mais feliz do mundo e realizado na profissão que eu escolhi. Meu pai era muito versátil. E eu acho que o que fez meu pai ser o que ele foi, é que ele sabia juntar o jornalismo e entretenimento. Ele tinha esse ‘feeling’, essa percepção, esse equilíbrio… Lógico, eu sou suspeito para falar, mas eu acho que ele deu uma cara para o jornalismo… Aonde eu vou chegar? Não sei. Deixa Deus ser Deus. Mas, se depender da minha vontade… A confiança que a Record está depositando, e já mostrou isso, dá para a gente ir longe.
O PAI POLÍTICO
Eduardo Moura: Você tocou num ponto importante. Seu pai mudou um pouco o modo “engessado” do jornalismo local. Foi um efeito e uma marca no modo de fazer TV local…
Wagner Montes Filho: Sabe o que é engraçado de se falar? É saber que aquilo que meu pai fazia era de verdade. Meu pai era pior pessoalmente [risos]… Isso é um ponto muito positivo. Tudo que é bom se copia. Sim! Eu acho que as comparações vão existir sempre…
Eduardo Moura: Isso te dá medo?
Wagner Montes Filho: Nenhum. Primeiro, não tem como comparar. Meu pai era o cara. Segundo, não podem dizer que eu estou imitando. Eu assistia meu pai diariamente, pessoalmente na Record. São inevitáveis os trejeitos. Vai ter gente que vai falar que está copiando… Se eu me incomodo? Não. A gente só copia o que é bom. E uma coisa, meu pai me falou isso, que tentaram imitá-lo e não deu certo. E qual é a diferença dessa pessoa que tentou imitá-lo e você? Simples. Como eu tinha as orientações dele, o tentar imitar é um erro inevitável. Porque toda brincadeira que ele fazia parou nele. Se eu fizer hoje, vai parecer bobagem, babaquice… São 45 anos de história. Ele podia brincar como ele quisesse. O que ele me falava é para não deixar ninguém interferir na sua naturalidade. Para eu ser eu. Para eu sempre falar a verdade. Não se preocupar em falar bonito…
Eduardo Moura: E o Wagner deputado? Hoje ser filho de político é quase sempre um caminho de polêmica…
Wagner Montes Filho: Eu trabalhei durante muito tempo com política…
Eduardo Moura: Com seu pai?
Wagner Montes Filho: Não. Na Prefeitura [do Rio]. Saí, inclusive, para ir para a Record. Porque eu sempre quis a TV, e foi no tempo de Deus… Aí você pergunta: o pai deputado? Aquilo que ele era na TV, que não gostava de sacanagem de coisa errada, ele era dentro de casa… Eu não podia nem pensar em concordar com algo errado. Eu seria escrachado dentro de casa, literalmente… São vinte anos de vida pública sem nada para falar.
Eduardo Moura: Diego Montez, seu irmão vai fazer, em São Paulo, uma peça agora em março chamada “Silvio Santos vem aí”, onde ele interpretará seu pai. Você lá vai ver?
Wagner Montes Filho: Com certeza. Eu levo o nome Wagner Montes, mas quem despertou para a veia artística, por que puxou a mãe [Sônia Lima], a quem eu devo muito, é o Diego… Meu irmão é um cara que faz uma novela e três peças, um dom de Deus! Se você pedir para eu decorar um texto de dez frases, eu não consigo. Ele decora três textos, os passos… Tudo! E está fazendo o que ele é. Graças a Deus representando meu pai… As pessoas perguntam como está nossa relação… É claro, eu moro no Rio, a Sonia mora em São Paulo… Eu a amo de paixão. Meu pai era meio ogro, mas eu tinha ali uma advogada sempre me defendendo. Claro, tem distância, mas a gente se fala sempre. A gente se trata como mãe e filho. A Sonia me criou desde criança. Eles não teriam ficado 32 anos sem ter dado certo e tão bem.
Imagem: Divulgação / Record TV