As demissões em massa no jornalismo da TV Globo, nesta terça-feira (4), foram duramente criticadas pelo Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro. Até o fechamento desta nota, o número de desligamentos chegou a próximo a 50, atingindo, especialmente, a sede da emissora, na capital fluminense. O sindicato classificou a situação como “vergonha”.
“A TV Globo vive hoje um dia de terror. Em plena campanha salarial, um pouco antes e durante a assembleia geral dos trabalhadores realizada no início da tarde desta terça-feira (4), a empresa demitiu 11 (onze) jornalistas“, disse o comunicado. Horas depois, a lista cresceu.
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“Um ato de truculência que envergonha a TV Globo! Uma covardia com todos os trabalhadores! Além de caracterizar explicitamente uma prática antissindical e a tentativa de coibir os trabalhadores a participarem da assembleia”, seguiu o sindicato.
CASO PODE IR PARAR NO MP
A entidade promete protocolar denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho:
“O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro repudia as demissões e vai protocolar denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho contra a arbitrariedade e o inaceitável assédio moral no momento mais decisivo da campanha salarial, quando é apreciada a proposta patronal para a renovação da Convenção Coletiva e os trabalhadores buscam reduzir perdas econômicas e assegurar melhores condições de trabalho”, seguiu.
ENTENDA O CASO: PASSARALHO NA GLOBO
Até o fechamento desta nota, a Globo demitiu, ao menos, 47 profissionais nesta terça-feira (4). O passaralho já estava previsto desde o último sábado (1), quando o Sindicato de Jornalistas do Rio de Janeiro informou que a emissora havia sinalizado que faria cortes.
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No Rio de Janeiro, os repórteres de vídeo Eduardo Tchao, Flávia Jannuzzi, Luciana Osório, Monica Sanches e Marcelo Canellas foram dispensados. A jornalista Leila Sterenberg também foi desligada da GloboNews.
Ainda houve demissões por outros produtos do Grupo Globo. Profissionais do portal G1, da equipe de editores do Jornal Nacional, do Fantástico, das edições locais dos jornais do Rio também estão sendo desligados. Também há demissões pontuais em Belo Horizonte e em Recife.
Procurada pelo Audiência Carioca, a TV Globo enviou o seguinte comunicado:
“A Globo, assim como as demais empresas de referência do mercado, tem um compromisso permanente com a busca de eficiência e evolução. Seus resultados refletem a boa performance do conjunto das suas operações e uma constante avaliação do cenário econômico do país e dos negócios. Como parte do processo de transformação pela qual vem passando nos últimos anos e alinhada à sua estratégia, a empresa mantém a disciplina de custos e investimentos em iniciativas importantes de crescimento”, informou.
SINDICATO INFORMOU SOBRE AS DEMISSÕES
O clima na Globo azedou de vez. Após o burburinho de que novas demissões aconteceriam em breve, o que era “disse me disse” virou realidade. Um e-mail enviado pelo sindicato de jornalistas do Rio de Janeiro deu o tom do que estava por vir nos próximos dias.
O portal TV Pop, através do jornalista Gabriel Oliveira, publicou, em primeira mão, o e-mail enviado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro aos funcionários da Globo. Primeiramente, o aviso trouxe detalhes quentes de uma reunião entre o Recursos Humanos da Globo com a entidade e, claro, o texto gerou tensão e apreensão.
O comunicado do sindicato foi enviado neste sábado, 1º de abril, aos profissionais da Globo. O conteúdo informava que cortes irão acontecer nas próximas semanas. Sobretudo, com o foco em cima dos chamados “altos salários”. Entretanto, o corte foi mais amplo do que se imaginava.
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Contudo, o assunto é tratado com cautela na Globo. O canal da família Marinho prefere encarar o caso como readequação de mercado e desligamentos pontuais. Entretanto, as justificativas só criam mais incertezas e deixa o clima pesado entre seus profissionais.
Como é de conhecimento da mídia, a Globo não costuma responder e abrir o jogo sobre assuntos internos. Tampouco deseja ser envolvida em pautas envolvendo um possível “passaralho”, embora, algo similar, em um passado nem tão distante das Organizações Globo, tenha ocorrido. A Rádio Globo e o Infoglobo viveram um clima parecido, há poucos anos. Na TV, geralmente, tudo é feito paulatinamente.
“O Sindicato esteve em 31/3 participando de uma reunião na TV Globo, por solicitação do RH da empresa, Edmundo Lopes. Na reunião, fomos informados que a empresa, embora sólida financeiramente, passa por um processo de ajuste e, em consequência, promoverá ‘demissões pontuais’ em abril e maio. Manifestamos nossa posição contrária a processos de demissão em massa e cobramos informações sobre a quantidade e o perfil dos profissionais que serão atingidos”, iniciou.
O sindicato se disse preocupado com a movimentação da Globo: “O representante da empresa afirmou que não se trata de demissões em massa e que os cortes atingirão os salários mais altos que, segundo ele, estão incompatíveis com o mercado. O Sindicato vê com extrema preocupação esse processo”, seguiu.
Em conclusão, a entidade que representa os jornalistas criticou a Globo, após a reunião: “… o Sindicato repudia veementemente a postura da direção da empresa que, mais uma vez, penaliza justamente aqueles que são seu principal patrimônio, os trabalhadores. Estamos à disposição dos trabalhadores para quaisquer ações, inclusive jurídicas”, finalizou o comunicado ao qual o TV Pop teve acesso.
MARÇO DE DEMISSÕES NA GLOBO
Recentemente, o esporte da Globo foi alvo de diversas dispensas: primeiramente, Sálvio Spínola, Sandro Meira Ricci, Fernanda Colombo, Jota Júnior e Cléber Machado não tiveram seus contratos renovados.
O colunista Renato Maurício Prado, ex-Globo, revelou que essas dispensas eram só o início de outras dispensas que aconteceriam. Dias depois, o comunicado do sindicato ilustra bem o atual momento vivido pela maior emissora do país.
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Imagem: Reprodução / TV Globo