Que Xuxa tem declaradamente ranços de Marlene Mattos, isso é claro e notório. Indiscutível. Em mais uma oportunidade, a eterna Rainha dos Baixinhos trouxe mais um exposed dos bastidores com sua ex-diretora, parceria que rendeu os melhores momentos da carreira de ambas. Dessa vez, Xuxa revelou que Marlene Mattos “não queria uma paquita negra”.
A declaração foi feita durante o programa Altas Horas, de Serginho Groismann, que foi ao ar no último sábado (11). Ao ser homenageada em seus 60 anos por Adriana Bombom, Xuxa disse o seguinte:
“Olha, que garota linda [Bombom]. Eu já tinha uma paquita nos EUA, chamada Natasha, que era negra. A Marlene [Mattos] não queria uma paquita negra. Mas eu fiquei encantada com a beleza. Até hoje eu falo: ‘como ela pode ser tão linda?'”, disse a loira.
Se Marlene Mattos tem alguma responsabilidade efetiva sobre a decisão, certamente ela não possuía o poder único e definitivo da palavra no mundinho pantanoso da TV.
Tanto Xuxa quanto sua ex-diretora eram contratadas da TV Globo. A emissora poderia, ao seu bel prazer, colocar qualquer perfil de criança ou adolescente na função de paquita diante da câmera.
Vale lembrar que, nos anos 80 e 90, a imensa maioria das produções comerciais, incluindo a TV, possuía os perfis escolhidos onde, praticamente, não havia espaço à diversidade, como vemos hoje.
Na maioria dos casos, os cargos principais e de destaque positivo eram ocupados por brancos e brancas, em maioria loiros e loiras e heterossexuais (ou pelo menos aparente, neste caso).
Negros e negras, em grande maioria, eram chamados para função sem destaque nestes espaços. O mesmo acontecia com o público LGBTQIA+, esse quase sempre acionado para ser chacota travestido de humor nos produtos televisivos.
Colocar o carimbo da opção por não ter uma “paquita negra” em Marlene Mattos é uma visão muito rasa, de um sistema cruel, elitista, branco e “heteronormativo”, perpetuado no fim do século passado. Só que é mais fácil criticar quem está longe dos holofotes em vez de quem está ao seu lado.
Estamos falando, vejam só, de uma bem sucedida diretora negra, uma exceção nos anos 80 e 90, e que, segundo o relato da apresentadora, foi a responsável por não permitir paquitas desta etnia. Pesar a mão em cima de uma figura apenas é deixar de entender como funcionava a “engenharia de produção” da TV, na ocasião.
Entretanto, para ampliar esse debate, Xuxa teria que criticar os executivos que comandaram a direção geral da TV Globo e a própria emissora, que vive lhe chamando para homenagens e dando destaque de rainha, título ostentado há quase 40 anos.
Será que Xuxa teria coragem de fazer uma acusação ou autocrítica contra a Globo dentro da Globo? Evitando saias justas, acusaria a emissora fora dos Estúdios Globo? Seria capaz?
Ah, sem esquecer que seria necessário detonar o mercado comercial abertamente em rede nacional, a quem lhe deu espaço e o patrimônio material e artístico para ser quem é.
XUXA FOI IGNORADA PELA GLOBO
Evoluída, Xuxa foi capaz de superar a forma como a Globo lhe dispensou: totalmente ignorada e sem espaço, no ano de 2015.
Ao deixar a emissora rumo à Record, foi praticamente “apagada” dos conteúdos envolvendo a Globo, ressurgindo apenas, vejam só, em 2020, na véspera de ficar sem contrato com a concorrente.
Talvez seja hora de Xuxa fazer o mesmo com Marlene Mattos: superar.
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Imagem: Reprodução Internet / Montagem