Não é difícil perceber que a sociedade caminha a passos largos a “viver na bolha”. Para os que ainda não compreenderam esse movimento, a internet, especialmente nas redes sociais, reproduzem bem este cenário: o algoritmo entrega aquilo que você curte, consome e de pessoas que, na maioria das vezes, comungam do mesmo pensamento. Quando há desacordo, pronto, a confusão e o bate boca digital estão formados. No futebol, a vivência “na bolha” não é de hoje.
Entretanto, perceptíveis a esta movimentação citada, clubes, influencers e jornalistas resolveram embarcar, na maioria dos casos, de forma muito honesta neste caminho. Diferente do jornalismo “padrãozinho”, estes colocam camisas, cantam hinos, ficam irritados, batem na mesa e, quando interessante para o tal “algoritmo”, trazem a notícia mais pesada. Afinal, a raiva, a ira e a irritação também vendem.
De maneira geral, a qualidade da informação não é a mesma quando comparamos com veículos, digamos, “neutros”. O internauta / torcedor, que certamente já experimentou os dois lados, sabe qual lado preferir. Não necessariamente a informação mais apurada e de melhor qualidade será a escolhida. Lembram da “bolha” citada inicialmente? Por isso.
Atualmente, percebemos diversos profissionais da mídia que fizeram o caminho em direção a conteúdo de bolha, como exemplo: Vanessa Riche (nº 1, foto capa), ex-sportv e Rádio Globo, na Vasco TV; Émerson Santos (nº 2, foto capa), ex-Rádio Tupi, na FlaTV; Gustavo Henrique, ex-rádios Tupi e Globo, em seu canal no Youtube; Fábio Azevedo (nº 4, foto capa), ex-ESPN, Fox e Rádio Globo, na mesma plataforma, e outros. Uma decisão diferente de tudo que fizeram anteriormente em suas carreiras. Tudo às claras aos públicos que lhe seguem e, claro, consome quem quer.
Em um cenário de mercado novo, há de se pensar: há caminho de volta? Certamente, esse passo mais largo na carreira é, na maioria das vezes, uma aposta com objetivo concreto: crescer mediante àquele público e seguir prioritariamente este trajeto, monetizando de forma independente. Mas o futuro é uma caixinha de surpresas, não é mesmo? Há caminho de volta?
Trago este assunto em pauta, pois, recentemente, Rafa Penido, profissional de mídia declaradamente ligado ao Flamengo, aceitou um desafio diferente e ousado em sua carreira: ser narrador esportivo da Rádio Tupi. Enquanto muito se critica o rádio esportivo do Rio – meio que sempre viveu na sua bolha – Rafa aceitou o desafio de encarar o rádio popular, plataforma e pegada totalmente diferentes ao que vinha investindo em sua carreira.
Uma das críticas é a dificuldade do rádio no Rio em dar espaço a novos talentos. Neste caminho, Rafa Penido é um “respiro” em meio a outros profissionais jovens que buscam seu lugar ao sol na mídia esportiva. Houve quem, através das redes sociais, criticasse a escolha do “brabo”, como gosta de ser chamado, unicamente por ser sobrinho de Luiz Penido, um dos principais narradores da Tupi.
De fato, não sejamos alheios, todo bom contato ajuda. Entretanto, a porta só permanece aberta mediante talento e um bom trabalho. O que pude ver na estreia de Rafa em Resende 0 x 2 Fluminense foi uma narração dinâmica, ágil e de comunicação clara: tudo o que o ouvinte precisa. Por aí deverá ser o caminho do jovem narrador, já que os jogos do Flamengo, sua grande identificação, estão hoje a cargo de Penido e do Garotinho José Carlos Araújo.
Sobre a pergunta inicial focada na texto: há caminho de volta aos profissionais de mídia que embarcam na bolha e depois precisam recalcular a rota? A grosso modo, sim.
Também há, paralelamente, um preço a se pagar. Especialmente sobre como seu novo público vai encarar a alternância entre mídia “neutra” e mídia voltada à “bolha”.
‘Haters’ à parte, é separar o joio do trigo e encarar as críticas que possam existir.
Faz parte da vida e, claro, da carreira. Sair ou entrar na bolha: eis a questão e o ponto de vista.
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Imagem: Reprodução Internet / Montagem