O impasse envolvendo as escolas de samba e a Prefeitura do Rio, ao que tudo indica, parece uma novela sem fim. No meio de de muitas acusações, o Carnaval, principal festa cultural da cidade, parece não estar sendo tratado com todo o afinco que merece, e declarações polêmicas vêm marcando o caso.
A última da hora ficou por conta de Paulo Messina, secretário da casa civil da Prefeitura. Em entrevista ao jornal ‘O Dia’ desta quarta-feira (26), o titular da pasta garantiu que cada agremiação do grupo especial receberá apenas R$ 500 mil, reduzindo em 50% do valor acertado inicialmente. Comparado ao governo Eduardo Paes, que repassava R$ 2 milhões a cada escola, a redução chega a 300%.
“A prefeitura não é babá de evento comercial. Exceto o Grupo de Acesso e o Carnaval da Intendente, as escolas do Grupo Especial têm que se profissionalizar como qualquer grande evento comercial que vende ingressos, a exemplo do Rock in Rio e outros. A prioridade da prefeitura é usar dinheiro público para saúde e educação”
Paulo Messina, ao ‘O Dia’
Há dois meses as escolas de samba tentam chegar a um denominador comum com a Prefeitura do Rio. Entretanto, a Liesa vem encontrando problemas para acertar uma data para conversar com Marcelo Crivella.
Jorge Castanheira, presidente da Liesa, chegou a questionar as afirmações de que o Carnaval do Rio de Janeiro traz dividendos para os cofres públicos.
“As escolas pretendem uma reunião com a Riotur para tentar reverter esse quadro, porque isso será a demonstração de total descaso com o espetáculo. Nós fazemos carnaval com planejamento. Então, as escolas de samba estão nesse problema. A gente precisa que a Riotur e a prefeitura se façam presentes, porque quem é o maior beneficiário do nosso espetáculo é a prefeitura. E dizer que o carnaval não traz dividendos para cidade do Rio de Janeiro é um absurdo”.
Jorge Castanheira, na Liesa, em 9 de dezembro
OPINIÃO DO AUDIÊNCIA
Algumas figuras políticas precisam entender que determinados cargos públicos são revestidos, além das atividades rotineiras, de uma sequência de ações que envolvem a cultura e a história de que os cercam.
Os que se propuseram assumir cargos eletivos, caso do prefeito Marcelo Crivella, e cargos de livre nomeação e exoneração, caso do senhor Paulo Messina, precisam entender, para ontem, que o Carnaval faz parte dos anais das tradições populares desta cidade, a mais importante turisticamente do Brasil.
Seus anseios políticos e pessoais, no caso, devem ser deixados de lado. As escolas de samba não recebem verbas de caridade. O dinheiro do Carnaval é para garantir a máquina turística, a economia e uma série de empregos, atividades estas que são de responsabilidade, sim, de um órgão executivo como a Prefeitura do Rio.
Quanto à declaração de Paulo Messina em dizer “A prioridade da prefeitura é usar dinheiro público para a saúde”, vale um passeio ou pelos telejornais ou pelos hospitais da cidade. E o povo grita: “Saúde, meu caro?!” Não temos.
E o carnaval não é um evento comercial, caro secretário. Cultura e história não estão em balcão, basta estudar ou dar um Google, se faltar tempo.
Sobre ser babá: Márcia era o quê?!