Entrevista: Liane Borges fala do desafio de apresentar o ‘SBT Rio Manhã’

Comandar um jornalístico no Rio de Janeiro não é tarefa fácil. Especialmente quando se tem como concorrentes dois canhões de público, casos do ‘Bom Dia Rio’, da TV Globo, e do ‘Balanço Geral Manhã’, da Record TV.

Ainda assim, Liane Borges, titular do ‘’SBT Rio Manhã, vem superando os desafios e consolidando a vice-liderança de público na faixa das 7h às 7h30. Carioca da gema, a apresentadora aceitou conversar com o Audiência Carioca e contou sobre a rotina, a carreira e o desafio de colocar tão cedo no ar um telejornal a serviço do cidadão fluminense.

Com passagens pela TV Justiça, Band e Record TV, Liane está a frente do matutino de SBT Rio há cinco anos, diariamente de segunda à sexta-feira. Ganhou grande destaque nos anos 2000 ao integrar a equipe de reportagem de rua do ‘Balanço Geral’: “Tenho muito respeito e gratidão ao Wagner Montes”, disse recordando das oportunidades que recebeu com o apresentador e deputado estadual. Atualmente, os dois disputam a preferência do público no horário.

Confira na sequência a íntegra do bate-papo com a jornalista.

#Audiência: Liane, você hoje é uma das principais âncoras do telejornalismo carioca. Como é o desafio de colocar um jornal diário no ar para o Rio de Janeiro, uma cidade com esse turbilhão de fatos?

Liane Borges: É realmente um desafio (risos)! Mas conto com uma equipe aguerrida que está por trás do jornal. Nos bastidores dezenas de jornalistas, estagiários e a área técnica se movimentam diariamente para possibilitar a mágica da televisão. O noticiário matinal é abastecido desde a véspera e também durante a madrugada. Eu acompanho tudo e, bem cedo, já estou na redação para ajudar a preparar mais um Sbt Rio Manhã. Mesmo no ar continuo antenada, buscando sempre um retorno do público, através das redes sociais.

#Audiência: O jornalismo carioca hoje é pesado. Não há um dia que notícias envolvendo corrupção e violência fiquem fora da pauta. Como cidadão, isso é bem revoltante… Como você lida para separar o seu lado pessoal de cidadã com o profissional?

Liane Borges: Houve um tempo em que isso me angustiava muito! Eu levava os problemas da cidade, literalmente, para casa, porque as notícias me atormentavam a tal ponto de prejudicarem o sono. Mas parei e pensei: de que forma posso ajudar a dar mais visibilidade às coisas boas que acontecem ao nosso redor? Foi daí que surgiu o “Tem Jeito”, uma iniciativa pioneira no noticiário local para mostrar o lado bom da Cidade Maravilhosa, através das histórias de personagens que fazem a diferença. A ideia, em conjunto com a editora-chefe Melissa dos Santos, foi abraçada pela direção que me deu a oportunidade de realizar o que considero a tarefa social do jornalismo. O quadro vai ao ar toda semana, às quartas-feiras, no ‘SBT Rio Manhã’ e é reprisado em outros programas. Claro que continuamos mostrando a realidade dura do Rio, mas sempre com um viés construtivo.

#Audiência: Atualmente, o ‘SBT Rio Manhã’ tem tido um bom desempenho em termos de audiência. Os números dizem isso, essa semana o jornal fechou na vice-liderança. Qual o diferencial do ‘SBT Rio Manhã para os jornais da concorrência?

Liane Borges: Creio que a liberdade de trabalho é um diferencial e, sem dúvida, a equipe! O apresentador é só a ponta final de um sistema muito maior. Sou grata por desempenhar um papel importante e me orgulho dos resultados que alcançamos.

Liane Borges à frente do SBT Rio (Reprodução)

#Audiência: Em 2013, em entrevista ao ‘UOL’, você disse que a audiência não te preocupava naquele momento. Mudou de ideia? Como você lida com essa pressão que é a audiência em tempo real?

Liane Borges: Trabalhar sob pressão nunca foi um problema para mim, caso contrário já teria desistido da minha profissão. A correria, por vezes frenética, e a busca por bons resultados, sempre existirá. Mas meu foco é apresentar a notícia da maneira mais clara e precisa e, desta forma, conseguir atingir os objetivos. Penso que credibilidade e audiência caminham juntas e é nesse trajeto que continuo seguindo.

#Audiência: Como é a rotina de uma âncora que precisa colocar um jornal recheado de notícias tão cedo no ar como o ‘SBT Rio Manhã?

Liane Borges: Hoje, divertida. No passado, um pouco tensa (risos). Eu tenho pouquíssimo tempo para me preparar, organizar os assuntos na cabeça, escrever os textos e ir para a maquiagem. Esta última parte faço em média em 15 minutos. Há quatro anos entrava no jornal com os dentes “travados”, mas agora nem sinto mais. Brinco com os colegas da equipe, leio Twitter no ar, vou com tudo sem medo de ser feliz. Estando tranquila e confiante o mundo pode cair ao meu redor, mudar tudo de última hora, que nada tira meu sossego.

#Audiência: Vamos falar da sua carreira. Você começou na carreira aos 20 anos, muito nova. Como surgiu o interesse pelo jornalismo?

Liane Borges: Gostaria de ter uma história fantástica para contar, mas a grande realidade é que fui uma adolescente cheia de dúvidas como a maioria. Sempre tive garra, queria trabalhar para ter meu próprio dinheiro e aprender coisas novas. Aos 15 anos já estagiava numa grande empresa no setor administrativo. Antes de prestar o vestibular fiz um teste vocacional que indicou vocação para a área de Humanas. Fiquei em dúvida se faria Direito, Serviço Social ou Jornalismo. Talvez eu fosse uma ótima advogada ou assistente social, quem sabe. Mas creio que fiz a escolha certa, pois sou feliz no que faço!

#Audiência: São 8 anos no SBT, mas antes disso você esteve na Band e também na Record TV. Você fez parte do ‘Balanço Geral’ com Wagner Montes, programa que mudou o jeito carioca de fazer jornalismo local. Foi ali que você sentiu que despontou para o grande público?

Liane Borges: Na Record eu comecei como apresentadora de um programa chamado “Carreira e Sucesso” e depois apresentei o “Informe Rio”, no lugar deixado pela veterana Márcia Peltier. Foi um baita desafio e tive bastante oportunidade lá. É importante dizer que foi minha primeira emissora e entrei por processo seletivo. Fiz vários testes. Antes disso havia trabalhado em produtoras e na faculdade, apenas. No início, por ser muito jovem, precisei provar que eu era capaz de fazer boas reportagens também, pois eles me queriam apenas na bancada. Depois, passei a ser repórter fixa com entradas ao vivo no “Fala Brasil”, sempre acumulando com a apresentação. O Wagner Montes foi um grande parceiro de trabalho. No começo, ficava sem graça com as piadas que ele fazia, mas depois entendi que as brincadeiras e elogios ao vivo agradavam ao público também e me davam visibilidade. Hoje, tenho muito respeito e gratidão ao Wagner.

Liane Borges nos tempos de Record TV, ao vivo no ‘Fala Brasil’

#Audiência: A sua grande chance aconteceu no SBT, quando recebeu a oportunidade de conduzir um jornal como apresentadora. Faltou essa oportunidade na Record TV, onde seu trabalho era de grande destaque nas reportagens?

Liane Borges: O SBT, sem dúvida, me proporcionou um lugar ao sol, porque aqui me tornei âncora, com a possibilidade de opinar e agregar mais informação à notícia. Mas não posso me queixar das oportunidades que tive no passado. Tudo que vivi me tornou a profissional que sou hoje.

#Audiência: Qual foi a reportagem que mais te marcou, positiva e negativamente?

Liane Borges: É muito difícil escolher uma porque cada reportagem te marca de uma maneira. A visita do Papa Francisco ao Brasil, por exemplo, foi uma cobertura muito feliz. Vivemos um momento de relativa paz no Rio de Janeiro, onde não se ouvia mais falar de crimes, apenas noticiávamos palavras de esperança. Lembro também de estar com celebridades da política, coisa que eu não faria se não fosse repórter. Fiquei a poucos metros do então presidente dos EUA Barack Obama e do príncipe inglês Harry.
Quanto à notícia triste, marcou a tragédia na Região Serrana do Rio. Quase não dormíamos para acompanhar o trabalho dos bombeiros. Mas as equipes de TV também ajudaram, com informações de pessoas ilhadas e donativos.

#Audiência: Ainda sobre a entrevista ao UOL em 2013, você se intitulou repórter. Como boa jornalista, a rua é a melhor redação. A gente sabe que no Rio a cobertura é mais pesada, por conta dos perigos que a cidade oferece, especialmente pelas operações policiais. Você tinha medo quando recebia as pautas que envolviam esses assuntos?

Liane Borges: Nunca gostei de cobrir operação policial, por dois motivos: o risco envolvido e a mesmice dos fatos. Tiros, correria e choro. Isso é muito triste de ver. Ouvir a dor das pessoas é muito pior do que o confronto em si. Mas fiz algumas coberturas históricas, como a ocupação de comunidades para a implantação das primeiras UPP´s. Pena que o projeto não deu certo, porque havia muita esperança de que a pacificação acontecesse de verdade.

#Audiência: Você ainda se sente desafiada a fazer algo novo na carreira? Pensa em outros veículos, outros setores na TV?

Liane Borges: Sempre, sou movida a desafios! O que surgir, vou com coragem e dedicação.

#Audiência: Já conheceu o Silvio Santos? (risos).
Liane Borges: Ainda não. Quem sabe um dia, torço por isso! Mas a irmã do patrão é um amor de pessoa, a dona Sara, diretora regional do SBT Rio.

#Audiência: Para finalizar, convida o nosso leitor a conferir o ‘SBT Rio Manhã.
Liane Borges: Bem, estou aqui cedinho esperando cada um de vocês! Às sete em ponto, de segunda a sexta-feira, nosso encontro está marcado com as primeiras informações do Rio de Janeiro. A equipe do SBT Rio Manhã é fera no que faz. Nós mostramos ao vivo o que acontece, com a preocupação de levar a notícia de forma clara e direta. E ainda mantemos contato pelas redes sociais. Quer falar comigo? Então usa a hashtag #sbtriomanhã nas redes sociais que eu respondo. A interação com o telespectador é um dos pontos fortes do jornalismo local do SBT Rio.

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